É bem verdade que o aumento da competitividade e globalização faz com que as empresas busquem cada vez mais profissionais preparados para enfrentar os desafios da profissão e que agreguem maior conteúdo à equipe a qual estará inserida. Porém, eventualmente algumas empresas adotam formas de seleção agressivas, onde o candidato tem que ser líder, saber trabalhar em equipe, saber se relacionar, ser eficiente, falar vários idiomas, conhecer diferentes culturas, ter inúmeros diplomas, MBA, Phd, ser jovem, mas ter experiência, ter morado fora, ser isso, ser aquilo...
A verdadeira “síndrome do super-homem”. Isso só contribui para afastar pessoas promissoras. Penso que esse descompasso entre o profissional ideal (super-homem) e as pessoas de carne e osso deve de ser repensado, ou seja, não há nenhum problema em buscar o profissional ideal, é até muito natural e saudável que nos miremos nele como exemplo. Mas, assim como é estéril o amor platônico entre adolescentes românticas e seus astros de cinema preferidos, será improdutivo uma empresa ficar esperando o profissional polivalente e ultra-eficiente.
A despeito de um “super-homem” o importante é focar aquele cujas competências realmente interessam para aquele cargo e aquela empresa. Peter Drucker já alertava que a contratação de um colaborador é uma das atividades gerenciais mais importantes – e também uma das mais negligenciadas. Portanto, o sucesso por trás de qualquer processo de seleção depende do conhecimento sobre os requisitos e as competências necessárias para o cargo ao qual se está selecionando candidatos. Outro aspecto que eu gostaria de abordar, dentro deste escopo, é a reportagem apresentada pelo programa Fantástico (TV Globo) que mostrou uma diarista na esperança de um emprego formal, com carteira assinada, acabar em decepção. Ela foi rejeitada por um frigorífico. A justificativa do empregador: “Você está muito gorda e daí pode dá problema para a firma se você entrar aqui”, contou a diarista. Ela entrou com um processo na Justiça do Trabalho e ganhou uma indenização de R$ 5 mil. Na época, em maio de 2008, ela pesava 79 quilos, mas tinha um Índice de Massa Corporal (IMC) superior ao que a empresa tolerava que era de 35 e ela tinha 37,8. Se por um lado os mais inflamados revoltam-se e levantam suas bandeiras contra a discriminação, por outro lado as empresas munem-se de argumentos para defender seus motivos para estas restrições.
Isto é seleção ou discriminação?
Vejo uma linha muito tênue que separa a real necessidade de determinado perfil à discriminação e, nestes, creio que o profissional que se propõe a trabalhar pelas pessoas tem a obrigação ética de atuar realmente como um agende de mudanças dentro da organização. Que os profissionais de Recursos Humanos fiquem cada vez mais atentos ao selecionar candidatos. Que façam exercícios constantes para se despir de quaisquer pré-julgamentos para não dispensar verdadeiros talentos.
Que não julguem uma pessoa pelo rótulo e nem impeçam a chance a quem aparentemente está fora do perfil de qualquer que seja a função.
Autoria: Alcides Ferri tem formação Superior em Gestão em Recursos Humanos (Unirp) e Pós-Graduado em Gestão E Fonte: http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=Excesso-de-Qualificacao-Exigida-nos-Processos-de-Seleca